A balança
Com este calor, sinto saudades de outros tempos.
Lembro-me de tempos em que brincava e não tinha preocupações. Tive uma infância feliz (desiludam-se aqueles que esperavam que assim não fosse, para encontrar justificações para a minha maneira de ser).
Com um núcleo familiar que me era (e é) muito querido, não tinha porque temer o futuro.
Os anos passam....ó se passam!...As saudades que então não podia ter, foram aparecendo qual colecção....sempre mais, mais raras e valiosas. Tenho com elas uma relação saudável, creio, pois não são amarras, mas sorrisos, páginas douradas de um livro inacabado.
Tinha sonhos...num prato de balança, muitos...que o tornavam pesado àquele e desequilibrada a esta. No outro prato, nada... apenas o espaço para as saudades que agora tenho. Hoje, mais velho, sinto o equilíbrio, ainda assim recente, por ver os pratos ao mesmo nível. A minha colecção de saudades é hoje igual à de sonhos. Da evolução narrada, poder-se-á depreender que o futuro me trará mais saudades e menos sonhos. Que voltará o desequilíbrio, mas agora amargo. Não acredito. Sei, porque pela vida fora tenho tido motivos que o justifiquem, que terei amanhã mais saudades (ou saudades de mais momentos) do que tenho hoje. O segredo do equilíbrio será então fazer com que o prato dos sonhos continue a ficar mais e mais pesado. Como, se a vida nos torna mais descrentes e com menos tempo para sonhos?
Creio que não precisarei de muitos mais dos que já tenho (ainda que acredite vir a ter muitos mais), mas acima de tudo, os que tenho, serão cada vez mais importantes, terão mais peso. Não me tem eles, afinal, acompanhado toda uma vida?
Não quero apenas sonhar com ter saudades - quero vivê-las a cada dia - e muito menos quero chegar ao ponto de sentir saudades de ter sonhos.
Lembro-me de tempos em que brincava e não tinha preocupações. Tive uma infância feliz (desiludam-se aqueles que esperavam que assim não fosse, para encontrar justificações para a minha maneira de ser).
Com um núcleo familiar que me era (e é) muito querido, não tinha porque temer o futuro.
Os anos passam....ó se passam!...As saudades que então não podia ter, foram aparecendo qual colecção....sempre mais, mais raras e valiosas. Tenho com elas uma relação saudável, creio, pois não são amarras, mas sorrisos, páginas douradas de um livro inacabado.
Tinha sonhos...num prato de balança, muitos...que o tornavam pesado àquele e desequilibrada a esta. No outro prato, nada... apenas o espaço para as saudades que agora tenho. Hoje, mais velho, sinto o equilíbrio, ainda assim recente, por ver os pratos ao mesmo nível. A minha colecção de saudades é hoje igual à de sonhos. Da evolução narrada, poder-se-á depreender que o futuro me trará mais saudades e menos sonhos. Que voltará o desequilíbrio, mas agora amargo. Não acredito. Sei, porque pela vida fora tenho tido motivos que o justifiquem, que terei amanhã mais saudades (ou saudades de mais momentos) do que tenho hoje. O segredo do equilíbrio será então fazer com que o prato dos sonhos continue a ficar mais e mais pesado. Como, se a vida nos torna mais descrentes e com menos tempo para sonhos?
Creio que não precisarei de muitos mais dos que já tenho (ainda que acredite vir a ter muitos mais), mas acima de tudo, os que tenho, serão cada vez mais importantes, terão mais peso. Não me tem eles, afinal, acompanhado toda uma vida?
Não quero apenas sonhar com ter saudades - quero vivê-las a cada dia - e muito menos quero chegar ao ponto de sentir saudades de ter sonhos.
13 comentários:
Não há motivo algum para usar uma balança entre as saudades e os sonhos.
Cada um tem o seu peso e não competem entre si.
As saudades (saudáveis) até nos dão os sonhos para mitigá-las: com elas podem crescer histórias maravilhosas em qualquer tipo de Arte (ou não sirva a Arte para isso?)
Tornar descrente é deixar de acreditar, é não ver as particularidades do dia a dia. É deixar de consigar contar histórias. E há tantas ainda por contar.
A mim, que me ajudas cada dia a equilibrar a balança desajustada que tem sido a minha vida,parece-me que tornas-te uma vida de sonho, (saudades da ingenuidade de pensar que seria assim) numa vida equilibrada, serena e feliz. lindo, mesmo.
Olá, Miguel! Sê benvindo depois desta longa ausência.
Não sei se é da idade, mas hoje quando sinto saudades é com serenidade e, por vezes, com um sorriso. Acho até que sentir saudades é saudável...
Tem um bom fim-de-semana.
realise o sonho
Boa tarde Miguel...
sentir saudades,...
o que nos impede de realizar esses feitos tão distantes...?
porque não repetir...?
......sonhar enquanto a saudade não vem, acordar antes da sua chegada.....
Abraço
Que lição de vida Miguel, boa de ler.
=)
:) bonito texto
Balança éapenas um instrumento de medida.
E conseguiremos nós avaliar o peso da amizade????
Uns com peso a mais e outros sem saberem o que é a falta dele....
Ea ponderação que afectas a cada um dos elementos que colocas em cada prtao da balança??
Sonhar com o peso? Ou pesar os sonhos???
Saudades é sinal de que o que vivemos foi optimo mas o que aí está e continua a acontecer dá-nos força para acreditar que TEMOS que continuar a sonhar .........PARA SEMPRE
e não esqueças 108.....
è verdade já te perdoei . Aqui entre nós logo no segundo seguinte.
Festeja o teu aniversário todos os anos! Et pour cause...
Gostei muito de ver este regresso inspirado. Mas não devemos fazer muitas contas às nossas balanças...a vida encarrega-se dos equilíbrios, e quanto menos nos preocuparmos com eles, melhor. Ou pelo menos, é assim que vejo as coisas :)
Beijinho*
Pois eu ja tinha saudades de ler um texto teu assim! Beijo
fogo, escreves tão bem e sobre coisas tão significativas! :) eu não costumo sentir muitas saudades, não sei bem porquê. mas quando as sinto, doem-me como tudo! é como se a felicidade dos momentos que as despoletam me causasse uma tristeza profunda, por ser passada, mas, depois, esta se confundisse com a felicidade, de novo, num ciclo vicioso, triste e bom. sou um bocado viciado na tristeza. e em manteiga de amendoim, também. cheerz***
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