14/12/2007

Estou um bocadinho farta do Pai Natal...


Era Dezembro e todos esperávamos que a magia acontecesse.
Da cozinha quente chegava-nos um cheiro doce a rabanadas acabadas de fazer, envoltas em canela, fumo e calor do fogão de lenha de casa da minha avó.
O presépio magnificamente simples fazia-nos lembrar a essência e a verdadeira importância do Natal.
Todos os anos, o Avô esperava por nós e juntos íamos pela serra apanhar musgo verdinho e húmido nas sombras dos pinheiros, entre as pedras escondidas e em lugares únicos que só o meu avô conhecia.
Depois do musgo era a cortiça, para montar o estábulo igual ao de Belém. Então, num misto de medo e excitação, entravamos sorrateiramente num terreno que não era nosso, um de nós ficava de vigia, e o avô descascava o sobreiro com mestria de rapinador.
Era uma tarde tão bem passada com uma intimidade profunda de sentimentos puros…
Voltávamos com as unhas pretas e a alma clara cheia de gargalhadas francas e simples, e aquilo fazia-nos bem.
Forrávamos o armário com uns panos verdes, cuidadosamente lavados de um ano para o outro, e espalhávamos o musgo. A avó montava o estábulo e,
atenção, muita atenção, que íamos desembrulhar o presépio.
Todos os anos era como se fosse a primeira vez que o víamos. Abríamos a boca de espanto e o coração enchia-se de uma inexplicável ternura.
Era tão bonito montar o presépio em casa dos meus avós…
O avô desembrulhava o S. José, fazia-nos ver que o importante é acreditar nas pessoas, ser humilde e responsável.
Era a vez da avó desembrulhar a imagem de Maria. Era tão bom desembrulhar a imagem de Maria. Sentíamo-nos protegidos e contentes. A minha avó fazia-nos ver que a coisa melhor do mundo é o amor de mãe. É mágico e poderoso, eterno e indestrutível, é puro e incondicional.
O manto azul de Maria já tinha manchas do tempo, como as mãos da minha avó, mas era tão bonito na mesma.
Depois um de nós punha o burro, outro a vaca, e o mais pequenino punha a estrela. Houve um ano que me calhou a mim pôr a manjedoura, ainda me lembro da minha alegria…
E o menino Jesus?
O menino Jesus era o meu pai que punha, mas só na noite de Natal.
Esse ano não foi diferente dos outros, ou foi, foi sim, era sempre diferente e impossível de acreditar.
Depois da Missa do Galo e antes da ceia, o meu pai foi pôr o menino Jesus nas palhinhas e a magia aconteceu, mais uma vez a magia aconteceu:
De repente, o nosso coração enchia-se de fé e de luz e a nossa alma emanava alegria e amor pelo Deus Menino que nasceu.
Era Natal.

06/11/2007

Sábado que vem

- "Nunca dizes nada..."
- "Nunca avisas..."
- "Para a próxima telefona..."
- "Manda mails"

Não tenho jeito nenhum para me fazer publicidade!

http://www.flickr.com/photos/olhoblogdabila/1862814819/

Sempre quero ver quem aparece.

30/10/2007

Destino

Não acredito no destino.
Acredito que as coisas acontecem para delas tirarmos uma experiência de vida, boa ou má, o que é diferente da imposição de predestinação.

28/10/2007

Quando eu morrer

Quando eu morrer partilhem o meu sorriso e as minhas recordações.
Avaliem a tristeza e a alegria.
Façam lotes das saudades, das lágrimas e das angústias.
Sorteiem momentos, histórias e gargalhadas.
Dividam ideias, planos e desejos.
Dêem tudo o que for material, caro ou barato, bonito ou feio.
Porque é muito melhor ser do que ter.

Partilhas II

Porque é que "a partilha" só assim é tão bonita e no plural e em família são tão feias?

17/10/2007

Partilhas


Quando tive o meu filho, soube logo que queria ter mais um, dois ou três.
Quantas vezes de noite ficava a admirá-lo, perguntando-me como é que tinha sido capaz de criar tal obra.
Era um sentimento inexplicável, maravilhoso, sentia-me a pessoa mais realizada e agradecida de todo o universo.
Ao mesmo tempo, tinha uma dúvida terrível: achava que se tivesse mais filhos não conseguiria gostar tanto deles como do primeiro.
Claro que quando nasceu a minha filha o amor ainda estava inteiro para lhe dar.
E estaria de novo caso tivesse tido mais filhos.
E ainda permanece intacto para os dois.
Eu não sabia que o amor não fica mais pequeno por o partilharmos.
Dá-se tanto e não se gasta!

Quando escrevi o meu primeiro livro, soube logo que queria escrever mais dois ou três.
Quantas vezes de noite ficava a admirá-lo…

O meu próximo livro sai em Janeiro, pela Porto Editora.

As notícias são boas quando as recebemos, mas passam a óptimas quando as partilhamos.

12/10/2007

Arrumações


As coisas que eu descubro nas minhas arcas...

16-8-1969
Nº. 12
5 Escudos!




09/10/2007

Aflições

Ontem assisti a uma cena que pensava que só existia nas novelas, em que toda a gente diz a toda a gente o que pensa sem papas na língua e sem qualquer tipo de constrangimento.
Fiquei seriamente aflita. Odeio esses confrontos. Cada vez mais.
Começo com taquicardia e fico num embaraço extremo, mesmo que a conversa não seja comigo.
Todas as pessoas que assistiram ficaram incomodadas. Profundamente incomodadas.
No fim de ser muitíssimo injusto e arrogante saiu.
Sem dizer nem bom dia nem boa tarde.
E todos os que ficámos lá passamos o resto do dia atordoados e com uma sensação de desconforto, embaraçosa e humilhante.
Sem culpa nenhuma.
Não compreendo o que leva uma pessoa a ser profundamente mal criada, propositadamente desagradável e antipática. Mesmo que tenha razão, que ainda por cima não era o caso.

01/10/2007

Outono

Já sei!
Vou apanhar todas as folhas da minha rua,
vermelhas
amarelas
castanhas
esquecidas
esvoaçantes
e vou fazer o meu livro mais bonito, genuíno e colorido.

27/09/2007

Cunhas, só nos sapatos



Sou com todas as minhas forças a favor da igualdade e da justiça.
Não por uma questão política, mas por respeito, e também por uma educação profundamente cristã, seriamente cristã, onde os conceitos são vividos na prática do dia a dia e não só lidos no catecismo.
Mesmo que na suposta condição social onde cresci se saiba que nem sempre é assim.
É utópico, ingénuo, quimérico, até acriançado, mas eu acho que o mundo devia ser justo por natureza.
E ainda estranho quando não é.
E ainda me revolto quando isso não acontece.
E também me espanta que os outros se espantem com as minhas convicções, que me prejudicam quase sempre, e não fazem de mim melhor pessoa.
Para mim é evidente que tenho que esperar duas horas como os outros na fila do hospital, e que não é diferente só por a minha prima ser a médica de serviço.
Para mim é claro que tenho que esperar meia hora na fila da catequese como os outros e que não é por ser catequista que posso passar à frente – pelo contrário.
Para mim é lógico não precisar de cunhas para o meu filho ficar numa boa turma, com um bom horário, porque na dita lógica da escola, ele precisa e merece-o.
E as bocas abriram-se de espanto ao perceber que eu não tinha metido cunhas, e a minha boca abriu-se ainda mais ao perceber que só com cunhas é que isso acontecia.
E todos olharam para mim pasmados como se eu fizesse parte de um grupo político estranho, onde todas as pessoas acham que são iguais e se tratam por tu e por pá.
As pessoas são diferentes sim, no seu intimo, nos seus valores, no seu desempenho.
O que não equivale a passar por cima dos outros.
O que não é igual a prejudicar alguém em privilégio próprio.
O que não lhes dá o direito, nunca, de não respeitar o próximo, porque é isso mesmo que nos torna diferentes, é o nosso respeito ao próximo.
E quase que peço desculpa, mas não compreendo quando assim não é.

25/09/2007

A arca do enxoval


Chegou-me a nostalgia do Outono…
Lavei as toalhas de praia, ainda encontrei uma série de búzios e pedrinhas com cheiro a mar, arrumei os cestos, deixando escapar o odor intenso a protector solar, fazendo prolongar um bocadinho o Verão, prendi fotografias alegres e de cores fortes no quadro de cortiça da salinha pequena e ainda fechei os olhos para me sentir embalar numa onda salgada e tão fria…
Passei cera aos móveis, soltando-se aquele cheirinho a casa das tias velhas, pus brilho no chão, que já não é encerado mas tem verniz, e lembrei-me de um instrumento que havia lá em casa que tinha umas rodas grandes que giravam desencontradas e que puxava o lustro das tábuas corridas meticulosamente enceradas.
Também havia outro auxiliar de limpeza - uma sabrina - que era o parente pobre do aspirador, não tinha corrente eléctrica, mas agora as sabrinas são os sapatos da moda…
Areei as poucas pratas – em casa dos meus avós era um dia inteiro só para as pratas e havia criadagem de farda, cabelo preso e luvas –mas agora há um liquido maravilhoso que não suja as mãos que substitui o algodão mais o jornal, o pano de flanela e a criada.
Fui buscar uma mantinha à arca, que as noites já são frescas e a idade começa a pesar, e fiquei sentada, a viajar no tempo com cheiro a alfazema.
Gosto muito da minha arca do enxoval.

Gosto do conceito de arca do enxoval (é claro que aos doze anos quando a minha tia avó me dava paninhos rendados eu odiava a minha arca).
Até pensei que a minha filha está grandinha e não tem arca, nem sequer tem enxoval…
Maravilhosos lençóis de linho com um M e um L bordados a ponto cruz, tão perfeitos que até os posso pôr do avesso, que a minha mãe mandou bordar na Lixa.
Outros lençóis com flores, sem flores, com folhas, com cruzinhas, rendilhados, bordados a ponto grilhão, ponto cheio, pé de flor, e outros que não me lembro.
Toalhas de mesa, quadradas, redondas, ovais, brancas, azuis, com bainha aberta, com relevo, sem relevo.
Naperons vários, para o cesto do pão, para o tabuleiro do café (sim, porque a minha mãe ensinou-me que nunca se põe um tabuleiro sem pano – e o que é certo é que ponho sempre), paninhos com divisórias para aperitivos, para os copos, de todas as formas e tamanhos imaginários.
Adoro o meu enxoval, apesar de não usar metade, não porque não queira, que as coisas são para lhes dar uso, mas porque não tenho tempo. Não tenho tempo de passar lençóis de linho, que só ficam bonitos se forem bem passados, não tenho tempo para lavar à mão as toalhas de mesa, os naperons quase já não têm utilidade, mas gosto do meu enxoval.
Lembro-me da minha mãe o bordar, lembro-me da minha avó mo dar, lembro-me das minhas tias me darem a escolher, levando-me ao quarto das cómodas com cheiro a naftalina.
Também gosto das coisas novas e práticas que fui comprando, das das colchas das camas dos miúdos com cores fortes que quase não precisam ser passadas a ferro, dos lençóis com elástico que prendem bem à cama, das toalhas de mesa engraçadas e modernas.
Mas sabe-me bem de vez em quando pôr um lençol com as minhas iniciais, pôr uma bonita toalha de mesa bordada com o pano do tabuleiro a condizer.
Eu só sei fazer ponto cruz. Não faço renda nem croché, muito menos ponto cheio ou bainha aberta, por isso os meus filhos, na arca do enxoval vão ter as minhas coisas, que chegam bem para todos, e vão ter mimo, recordações maravilhosas, atenção, gargalhadas e choros, dias alegres e tristes, porque a arca do enxoval tem a nossa história, dos nossos pais e avós, da nossa infância, é por isso que eu gosto tanto da minha…

13/08/2007

Até já



(clicar devagarinho sff -Desenho A.Seixas)

01/08/2007

A cidade feliz

Vi esta noite no meu sonho
sombras difusas, caras conhecidas.
O que para aqui transponho,
são essas memórias adormecidas.

Havia uma única lei:
Verdade, amor e amizade
estavam no texto d'El Rei
que fazia feliz a cidade.

Aquele díficil acordar,
roubou-me assim a utopia,
mas não o querer sonhar!

E acredito que um dia
um mundo com mais coração,
faça deste sonho... antevisão.

27/07/2007

Parabéns, meu amor

Parabéns meu amor.
Parabéns por seres como és, o ser mais puro e verdadeiro que eu conheço.
Parabéns pela tua presença discreta e serena em todos os momentos da minha vida.
Parabéns por nunca te teres afastado da tua maneira de ser e pensar, do modo de agir e de estar, da maneira tão genuína como me amas e amas o que está à tua volta, com uma força que quem te conhece sabe que tens.
Obrigada por sossegares com a tua calma o meu espírito inquieto, e por me mostrares que só se alcançam as coisas que queremos com paciência e persistência.
Obrigada por me ensinares que tudo mas tudo merece respeito e nunca nada mas nada pode ser maltratado.

Obrigada por respeitares as coisas que gosto, tantas vezes diferentes das tuas.
Obrigada pelas recordações de infância e as desilusões de adulto.
Obrigada por me teres feito gostar da natureza e dos animais.
Obrigada pelos momentos tão felizes, mas tão felizes, e obrigada pelos momentos não tão bons, porque também e sobretudo esses têm posto à prova o nosso amor.
Parabéns pelos nossos filhos maravilhosos e por seres para eles o maior exemplo de dignidade.
Mesmo quando te digo que podias ser diferente, gosto mesmo que sejas assim.
Obrigada por gostares de mim, porque o meu amor sabes bem que o terás para sempre, e mais além…

26/07/2007

A sombra do Chorão

Disse-me que aquilo de que mais gostava, era de ficar sem pressas, debaixo de um Chorão.
Não consegui responder e corei!

25/07/2007

Atropelos

Só fui preparada para os grandes embates da vida,
aqueles mesmo trágicos, que viram a nossa vida do avesso,
põe-nos o coração de fora e a razão escondida,
e nos fazem pôr em causa a existência.
A esses sim, consigo dar uma resposta forte, digna e até agora consegui sempre vencê-los, umas vezes juntando-me a eles, outras conformando-me.
Mas tenho uma enorme dificuldade em lidar com os atropelos do dia a dia,

que não nos viram a vida, mas moem, desencantam, entristecem, angustiam, magoam…
É que os grandes embates, é a própria vida que os dá, os outros são as pessoas.
E isso é que dói.

Amizade virtual

A amizade virtual não existe; é uma contradição em termos, ou é amizade ou é virtual.

23/07/2007

VIDA


Foram 5 minutos de intervalo entre um mail e um telefonema. Uma notícia muito má, outra óptima.

Tenho o coração dividido entre a tristeza e alegria e cheio de solidariedade.

É, em ambos os casos, disto que a vida é feita e é de vida que falo.

20/07/2007

Três

Um
Se me contassem há um ano atrás, não acreditaria:
Ele é exemplar em várias facetas, amigo como poucos, verdadeiramente preocupado com o outro. Senhor de iniciativa, com uma capacidade fora do comum para o “trabalho é trabalho, cognac é cognac”. Ainda assim, teima em fazer do trabalho algo tão saboroso quanto o melhor “Rémy Martin” e do momento do digestivo pretexto para melhor ajudar quem sente que precisa.
Capaz de ser dinamizador no trabalho e na amizade para feitos fora-do-comum, foi atropelado na alma que não consegue ver o mal nos outros. Provavelmente o seu único “defeito” de origem que fez com que um e outros o atraiçoassem de forma soez.
A sua capacidade e os verdadeiros amigos, bem como a justiça (nas suas diferentes vertentes) encarregar-se-ão de o repor no (seu) lugar onde é feliz ajudando os outros.

Dois
Hoje em dia quem está equipado com determinado tipo de armas “safa-se”. Quem pelo contrário não está, tem grandes dificuldades de se impor nesta sociedade, ainda que com virtudes bem maiores de que essas armas da moda. Ela merece, ela luta, mas é pisada por uma vida para a qual continua a olhar com ternura. Em dia de entrevista, mais um sorriso, mais uma esperança, mais um exemplo dado aos que tem a sorte de a conhecer. Eu que a conheço ainda melhor do que julga, sei por isso mesmo (que não por artes divinatórias) que a esperança tem razão de ser.

Três
Nunca tinha passado por nada parecido: A maior lição de vida foi-me dada por quem não sabia se a teria muito mais tempo.
Eu sei, eu acredito eu quero ouvir-te mais. Quem me conhece sabe a facilidade com que sai a lágrima. Neste caso tem sido umas quantas que secarão quando te vir e ouvir de novo a sorrir como só tu sabes. No registo escrito, uma das últimas entradas diz: "(…) mas sabes estou feliz, fui feliz e valeu sempre a pena”
Estou à tua espera para transformar esse passado em futuro e continuar a aprender contigo como se vive. Volta depressa, por favor!
====
Obrigado aos três. Contem sempre incondicionalmente comigo.

19/07/2007

Pensando bem...


Está um dia de sol maravilhoso, a claridade iluminou-me a alma,
o calor aqueceu-me o coração.
Os gatos que resolveram morar no telhado da minha garagem esticam-se preguiçosos,
os pássaros madrugaram mais contentes e afinados do que o habitual.
Tenho a casa arrumada.
Amanhã é sexta-feira.
Não me dói nada.
Sinto o meu filho contente e a minha filha sorri muito.
Pensando bem, tenho é que agradecer, agradecer...

09/07/2007

Estrelas ou pirilampos


Gosto do Verão, do calor que faz rir os olhos, de um mergulho nas ondas altas de sal que me fazem gelar os tornozelos e as emoções.
Gosto de fechar os olhos e sentir o subir e o descer do mar e ficar a ouvir os risos ao longe na praia.
Gosto do vento que me canta ao ouvido.
Gosto da areia dura onde deixo a minha marca, gosto da areia mole onde posso fazer castelos, como aqueles que ainda existem nos meus sonhos e me fazem sonhar com sorrisos.
Gosto dos pirilampos, é assim um animalzinho mágico, que nos prende à infância, parecem estrelas que conseguimos apanhar. Ao amanhecer soltamo-los, como soltamos os sonhos, como desaparecem as estrelas, como se afasta a lua, como fogem as ilusões.

04/07/2007

O meu túnel

No meio do túnel não há luz. Depois de algum tempo, não sei para onde é a frente, o norte. Sinto-me perdido. Milhares de pequenos e estreitos caminhos trouxeram-me até aqui. Ainda respiro, mas já o faço com dificuldade. A possibilidade de me magoar, quem sabe de forma definitiva, faz-me parar. Sento-me no chão frio e húmido. Não existe um som, um vislumbre de luz, uma aragem. O exterior não existe para além do solo que me toca o corpo. Ao fim de algum tempo sinto uma espécie de desespero, que não de medo, porque este apenas se sente conhecendo os contornos do opositor. Esbracejo tentando tocar em algo, mas nada.
Negro, silêncio, vazio, nada.
Inspiro profundamente e tento acalmar-me. Revejo mentalmente os passos que me trouxeram aqui. Onde apanhei o caminho errado? Onde me deram instruções falsas? Talvez ali, naquele dia ou ainda antes, quando confiante nem hesitei naquele cruzamento da vida.
A verdade é que se fosse agora, teria viajado doutra maneira; olharia cada avenida, rua ou caminho com a intensidade que me permitisse neste momento relembrar tudo de memória. Mas não, não foi assim, deixei-me andar como uma pedra que rola montanha abaixo e à qual o relevo faz desenhar o trajecto sem qualquer interferência sua!
Creio que está aprendida a lição de como viajar. Não apenas pelo que me seria útil agora, como pelo contentamento de não ter sido mera "rolling stone" e de que só me tinha guiado por caminhos escolhidos.
Seria dia agora, ou noite? Tenho frio. Estou só.

Adormeço exausto, no sono irrequieto daquele que não está em paz.

Acordo em sobressalto e gelado. Levanto-me porque me doem as pernas e decido que nada tenho a perder, que vou escolher o meu caminho agora.
Assim faço... Começo lentamente e a medo, aumento o ritmo pois pareceu-me ouvir um som, perceber uma luz... Corro agora... primeiramente como o atleta da maratona, pausadamente, depois cada vez mais depressa.
Corro, corro muito.
Seria uma luz? O coração bate pela expectativa e pelo cansaço de quem não corre assim há muito tempo.
Respiro (seria aquilo respirar?!) descontroladamente. Dói-me tudo, menos a vontade.
É luz o que vejo, é um som conhecido o que ouço! Corro, corro mais, tropeço, caio... levanto-me com dor e continuo a correr.

O túnel tinha fim! Descobri a luz porque ela existe, porque nada é tão escuro como o túnel que nós próprios criamos e porque acreditei que a porta estava em mim.

29/06/2007

Toma lá...

Porque segunda é dia 2, porque não terei acesso à net, porque ele merece, porque eu quero e porque o Camões não é para aqui chamado…

Era uma vez um rapaz que morava numa grua que tinha uma cabine gigante e confortável, bem perto do céu.
O rapaz tinha uns grandes caracóis largos e desalinhados e uns olhos com brilho de cristal. Adorava a sua casa, porque estava muito acima da vida e das pessoas, e assim podia vê-las sempre que quisesse, e tentar percebê-las, mesmo que às vezes não conseguisse - é que o rapaz tinha uma enorme dificuldade em compreender o mal.

Passava os dias a carregar num botão que o trazia cá a baixo para vir buscar sorrisos nos dias quentes e lágrimas nos dias de chuva, palavras nos dias de festa e silêncios nos dias tristes.

"Hão-de fazer-me jeito" - pensava ele.
Ao fim do dia lá ia ele outra vez. Sentia-se confortável em sua casa, tinha um grande sofá cor de laranja a condizer com a cor da grua e ele deitava-se de lado, com a cabeça mais alta, para não perder pitada do mundo. Então com todo o cuidado, abria a sua caixinha forrada com um papel de flores coloridas e perfumadas e punha lá dentro as coisas que tinha trazido da terra, depois deixava-se dormir debaixo das estrelas cintilantes como a sua alma de luz.

Ás vezes acordava cedo, ainda de madrugada e sentia alegria na terra, então ficava feliz e punha a música alto, cantava e dançava até o sol o queimar.
Mas se por acaso se levantava e via tristeza no olhar de alguém, o rapaz ficava com a alma cinzenta como dias de nevoeiro.

Ora um dia, quando chegou a casa, foi abrir a sua caixinha, e ela estava vazia…

Todos os pedaços bons do mundo que ele tinha apanhado tinham ido para o seu coração…

Qual fonte, qual quê!

Porque Domingo é dia 1, porque não terei acesso à net, porque ela merece, porque eu quero, porque o Camões não percebia nada de Leonores!


Realça tudo o que conte
Leonor com ternura,
a carinhosa criatura.


Tem na cabeça o dote,
no modesto coração é grata,
faminta alma sensata.
Escrevinha num papelote
o que no ninho anote.
Nunca perde a candura,
a carinhosa criatura.


Nobre alma canta,
sentimentos de rebuçado,
que sofrem demasiado,
mas com doçura tanta,
que comove e encanta.
E só vê-la cura,
a carinhosa criatura.

28/06/2007

Sentimentos

Às vezes não sei o que fazer com os sentimentos.
Parecem novos, como se houvesse algum sentimento sem nome, ainda por inventar…
A felicidade gosto de dá-la, a alegria de partilhá-la, o medo… Procuro não pensar no medo.
A raiva, a desilusão, e outros que tais, não os vou mencionar, para fingir que não existem, mas esforço-me por não os sentir.
A dor, enquanto sentimento, ahh se eu conseguisse transformá-la em amor…
Agora este sentimento, que não é pena nem compaixão, nem tristeza ou desilusão,
não sei que nome lhe dar, nem sequer como o tratar, não sei que lhe fazer, porque não gosto mesmo dele.

26/06/2007

Milagre, milagre!

Avisos da minha paróquia:



















Sou Católico, mas esta até a mim me espantou!

O assalto

São absolutamente cooperantes, cada um com as suas aptidões. Posso contar com todos para o assalto.
Reuniões frequentes, conivências sentidas, relógios acertados, esboços feitos, telefonemas repetidos, mensagens oportunas. Unidos no objectivo, determinados e em sintonia, saltamos de maus dias, para grandes alegrias. O dia não é hoje, o dia é todos os dias. Somos cúmplices prontos para o assalto:
O assalto à vida, com os meus amigos.

25/06/2007

Palavras dos outros

"Sofremos mais hoje que as gerações passadas porque o estímulo da maquinaria, da multidão, da coisa impressa e do barulho desgastou os tecidos protectores dos nossos nervos. Há compensações: esta sensibilidade em carne viva ergue-nos a uma subtileza de percepção e de coordenação nervosa e muscular que somos capazes de fazer coisas absolutamente impossíveis aos homens primitivos e mesmo aos medievais. Ficamos na situação dos músicos, cujos 'ouvidos educados' os fazem sofrer com todos os sons que não sejam harmónicos: esses músicos pagam o crime da sensibilidade excessiva e possuem os defeitos das suas virtudes. Mas pensam lá eles em perder tais dons em troca de se livrarem dos sofrimentos consequentes? Não há homem moderno que queira desistir de uma sensibilidade que, se duplica o sofrimento, também multiplica os prazeres."

Will Durant - 'Filosofia da Vida'

23/06/2007

Parabéns Pai


Querido Pai,
Hoje quando a noite vier e o primeiro balão chegar ao céu, quero que saiba que é o meu. Vou deitá-lo ainda de dia, para ganharmos o concurso do primeiro a ver um balão de S. João. Se ele se incendiar, eu deito um foguete daqueles cheios de cores que fazem o céu ficar azul e verde, que fazem as bocas abrir-se de espanto e o coração encolher de medo.

Eu já não tenho medo pai, já não tenho medo dos foguetes nem dos balões, nem do cheiro a queimado, nem do barulho que me fazia estremecer.
Agora tenho medo de amanhã acordar e não ter o seu balão apagado no meu jardim, aquele que o pai me devolve todos os anos de madrugada, cheio de recordações que me fazem rir.

21/06/2007

Atei um fio à lua

Atei um fio à lua para a poder ver sempre.
Vi-a no mês passado, na outra semana e ainda ontem.
Como é bonita a lua, como é bom tê-la para mim!

Vejo-a, pois claro.
Podê-la-ei até ver sempre da minha janela.
Vou puxar o fio, trazê-la para mais perto de mim...

Tenho um amigo que mora noutro país, muito longe:
Triste, não a vê faz muito tempo, porque a retenho aqui!
Combinei com ele - "Dou-te a lua, mandas o sol pr'a mim".

Desatei o fio da lua,
Aprendi que gostar não é amarrar:
É deixar que corra os seus trilhos e que depois volte a mim.

Regressou assim um sol forte e quente
que ganha sentido porque não aquece
apenas e só o meu jardim.

18/06/2007

Ver a vida assim


`O-O´

Guardo estes óculos porque quero para sempre ver a vida aumentada, procurar o que de melhor as pessoas têm, desejar o sabor mais doce e o dia mais azul.
Descobrir o sorriso mais bonito e encontrar a palavra mais suave.
Levar a vida ao colo, tratá-la bem, para que ela me devolva todo o bem-estar.
Cantar o sol e beijar a lua.
Saber rir às gargalhadas.
Não ter vergonha de chorar.
Mostrar sentimentos, arrepender-me, pedir perdão, falhar e voltar a tentar.
Tirar partido de tudo.
Fazer crescer as imagens boas da vida e guardá-las, junto dos meus óculos.

Efeito secundário



Estive no evento de hoje à tarde com tanto sono, mas com tanto sono, que fiquei mais feio!

Os músculos nas pálpebras não me ficam nada bem. Mas resisti!

12/06/2007

Deu gajo, mas...

Dizem: É pá e tal, o gajo fala de coisas como o amor e a amizade, de florzinhas e do céu, mas nunca fala dele próprio.
Não estou nada de acordo com os estereótipos com que classificam as mulheres e os homens. Evidentemente que existem características mais comuns a um sexo do que a outro. Por vezes são tão comuns, que daí nasce a generalização.
Para mim o assunto ficaria por aqui, não fosse eu ter algumas das características do adversário bem vincadas na minha personalidade. A verdade é que também tenho as (más) geralmente atribuídas aos homens (ronco como um porco; adormeço no sofá; sou pré-olímpico em preguiça; digo asneiras; gosto de futebol; no automóvel não paro para perguntar o caminho a ninguém, quanto muito indico caminhos menos próprios a outros condutores; gosto de cerveja, vinho. ... e muitas outras de que não falo por conveniente recato).
Acontece que se tivesse que me definir (se isso interessasse a alguém escreveria um post, eheh) algumas das características que falaria em primeiro lugar seriam as tais "femininas". Sou um emotivo, temperamental, sentimentalão. Exponho-me; dou-me, não me armo em forte. Amuo, choro, rio sem razão. Falar de sentimentos, amores e amizades é o meu prato favorito. Sou "vidrinho de cheiro". Sou assim, e gosto, pelo menos quando não estou amuado. Acho no entanto, que algumas dessas coisas não costumam andar acompanhadas da volumetria que embrulha a minha alma, coração e o nervo central.
No outro dia, dizia-me alguém: - Ó pá, tu estás para aí com essa pose de macho dominante, mas (...)
"Pose" poderei ter (era também esta uma característica feminina já há muito partilhada com os homens), mas a culpa é da tal volumetria, por sua vez resultante de feijão e cerveja.
Agora sejam mansos nos comentários, porque aqui o menino abriu-se como uma debutante e pode amuar.
Isto serve também para todos aqueles que mesmo privando comigo, insistem em falar com o embrulho em vez de o fazerem com o recheio. É o que perdem!
Bolas(*), que raio de feitio!
(*)Este é um blogue de família, ou não sei bem o que usaria ali para substituir as bolas (isto, neste contexto, não me soou lá muito bem!)

08/06/2007

Tempestade

Convidaram-me a participar na Feira do Livro num sítio especial.
Não sei se posso dizer que adorei, que foi a melhor história que li, que quero repetir, nem sei se consigo transmitir a enorme tempestade que se deu no meu coração.

“Vais contar a do Ruca? Podias contar, é tão fixe, conta a do Ruca, conta a do Ruca…”
A história que eu contava era decerto infantil para a sua idade, mas ele estava atento e mesmo não sendo a do Ruca, seguia a história, engolia-me a voz e contemplava-me com atenção de menino pequeno.
Quis tocar-me, mas não o deixaram.
Explicaram-me que por vezes a tempestade vinha violenta ao seu coração.
Tormenta abstracta, sem aviso nem porquê, impulsiva e esquizofrénica.
Ficou colérico, por segundos, o dia parecia ter deixado de existir e a noite, que entrava sorrateira, levou-lhe o pensamento, deixando-o só.
Quem o visse assim, cabelos de lua com vento norte, naquele corpo franzino e leve, não acharia possível que aquele ser humano transbordasse de si mesmo sem motivo ou aviso prévio.
Depois voltou a bonança, ele abraçou-se e bastou-se assim, a noite turvou e o seu olhar de céu calmo caiu sobre mim…

Tempo

Nunca na minha vida o tempo passou tão depressa como quando tive em casa um relógio de cuco Coreano*, que me informava na língua-mãe a passagem de todos os quartos de hora.

*Nem perguntem!

O jogo da vida


Continuando com os puzzles, chego à conclusão que há um que não consigo mesmo resolver: O meu! As peças não encaixam... Aparecem tantas que me parecem não fazer parte do todo e faltam-me demasiadas...

De vez em quando, quando parece que o jogo não avança, vem alguém, ouço alguma coisa que junta dois blocos. Tudo, então começa a fazer sentido... Depois volta o impasse. Acho que as peças não saíram de grande qualidade e chego mesmo a duvidar que algum dia consiga ter uma imagem completa.

Por outro lado, não será esse o sentido da vida? Jogar o jogo de mim mesmo, percebendo que para me resolver tenho que fazer encaixar tudo o que me rodeia, dar um nexo ao envolvente, criando assim o espaço onde eu e só eu caiba de forma lógica? Apetece-me desfazer tudo e começar de novo. Mas porei as minhas peças de lado e começarei a trabalhar à minha volta. Os outros são mais fáceis; percebendo-os, terei o meu puzzle pronto.

06/06/2007

Puzzle


Não tenho grande paciência para puzzles. Pelo contrário, adoro "resolver" pessoas, principalmente aquelas de quem gosto. Hoje deram-me uma peça das difíceis... era toda azul/céu, apenas com um pequeno "farrapo" em branco deslavado. Eram nuvens de sonho, névoa de medo, ou o anjo que a vida te tirou?

04/06/2007

Awakenings

Impressionante o que aconteceu com Jan Grzebski, o polaco que acordou ao fim de 19 anos em coma. É muito tempo, 19 anos! Muita coisa aconteceu durante este período. É natural que seja complicada a Jan, a apreensão total do mundo tal como ele é hoje. O fim do comunismo na Polónia, a entrada na Comunidade Europeia, lojas cheias de produtos aparecem em vez das que se lembrava onde existia apenas chá e vinagre. Mas o notável é onde ele põe a tónica, confessando-se espantado por "ver pessoas nas ruas a falar ao telemóvel, e a queixar-se constantemente". Uma referência ao material, palpável e que é indubitavelmente das grandes novidades do final do sec XX ainda mais pela sua disseminação - o telemóvel - e ainda outra, esta a que mais me chamou à atenção:
Apesar de todos os outros reparos que faz serem positivos, as pessoas "queixam-se constantemente".
Pois é; adormeceu num mundo muito complicado, de absoluta carência, de falta de liberdade e acorda num mundo de sonho, onde três filhos lhe deram onze netos que ao telemóvel lhe podem agora falar sempre que quiserem e dizendo o que lhe apetecer. No entanto e apesar disso, as pessoas "queixam-se constantemente"!
Mais do que o mundo, terão mudado as pessoas, pode concluir-se e aí duvido que para melhor. Importante, é que alguém que acaba de despertar de um sono de 19 anos, não lamenta o tempo perdido e pelo contrário, ausente da recente evolução humana, profere: "Eu, pela minha parte, nada tenho a lamentar"!

01/06/2007

Criança

Se eu ainda fosse criança,
aninhava-me no teu colo quente,
fazias-me festas de veludo e davas-me doces beijos de mel...

Arquipélagos




Existe uma série de ditos que, por conhecermos desde sempre, nunca pomos em causa.
Um deles é, para mim, o "Nenhum homem é uma ilha".


Ainda que juntos formem arquipélagos densos, o homem no seu íntimo é só. Tem o seu próprio habitat, constituído por uma flora educacional, uma fauna civilizacional, e uma atmosfera própria. Sente de forma diferente dos seus semelhantes e por mais que destes se rodeie, constrói silogismos, conclui, sofre e ama de forma diversa. Tem gostos, hábitos, sentidos e padrões diferentes dos demais.


São as pontes o segredo da felicidade. É através delas que cada ilha se liga à outra. Acontece que em maior parte dos casos, os recursos de engenharia estão totalmente ocupados em tornar a ilha auto-suficiente. E quanto mais vemos as ilhas enfeitadas e cheias de construções recentes, melhor ficamos a saber que lhe faltam as pontes e que a sua biodiversidade está em perigo... Todos os homens são ilhas. O esforço de ligação entre eles deveria ser prioritário, mas as obras públicas, ufanas, vaidosas e egoístas, tentam mostrar a superioridade em relação ao vizinho. Perde a ilha, perde a vizinhança, perde a humanidade. E todos precisamos de todos, porque afinal, somos ilhas.

31/05/2007

Excessos

De todos os prazeres de que me lembro, o amor é o único em que o excesso não faz mal.

Fica combinado?

Combinávamos assim: Se por um qualquer acaso eu não percebesse que precisavas de mim, tu dizias-me!

Poupança errada

Guardando-me por me evitar dar, não faz com que sobre mais de mim.

Distâncias

Nunca aqueles de quem gostamos estão tão perto de nós, como quando estão longe.

O essencial

Percebi que só posso esperar de determinadas pessoas aquilo que elas podem ou querem dar, o que não é forçosamente mau, se nos conformarmos com o essencial.
Tenho é a sensação que de mim é esperado muito mais.

Isso às vezes cansa-me.

28/05/2007

Arco-íris


Por vezes, quando somos abalados pela vida é que reparamos nas maravilhas que estão a nosso lado e que no rodar constante dos dias não lhes damos o devido valor.
Gestos simbólicos, palavras carinhosas, mimos espontâneos passam a ter uma dimensão extraordinária e uma importância de conforto incalculável.
A natureza em toda a sua plenitude parece feita exclusivamente para nós, naquele dia, àquela hora aquele arco-íris foi posto naquele sítio de propósito para regalar os olhos e o coração de quem precisa. Se quisermos acreditar nisso, claro, mas é muito mais fácil quando se acredita.

Hoje, embalada pela vida, com a serenidade clara de quem já sofreu, gosto de olhar à minha volta e sentir a mesma beleza tranquila nas pessoas e sentimentos.
Gosto de confortar e mimar, ter a oportunidade de adoçar um minuto na vida de alguém que passa horas amargas.

Se eu soubesse desenhar um arco-íris, punha-o na tua janela.

26/05/2007

A viagem

Serve?

Esforça-te por sentir mais:

-->Pensando, podes (nem sempre) chegar a uma conclusão;
-->Sentindo, partirás do coração.

E uma vez que,

-->quando chegas, é tarde para escolher o ponto de partida;
-->quando partes, podes chegar a qualquer destino,

Toma atenção:
Como a tua vida é essa viagem entre a partida e a chegada, nada melhor do que bons princípios para uma boa jornada.

Vendas

O amor, pode por vezes impedir que se veja claramente o óbvio:
Quem ama, não suportará ver o objecto do seu amor sofrer. Muito menos ser a causa desse sofrimento, ou então...

17/05/2007

É assim

Sentimentos como o amor e a amizade, ao serem cantados, rimam.
Assim e nesse universo, resulta sempre a prosa em verso.

16/05/2007

Sonho

Se pudesse escolher um sonho,
Escolheria depressa acordar,
E acordado sonharia, risonho
O sonho que te quero dar.

Revelação importante

(recebido por email, tenho a obrigação de partilhar)

A terra é redonda e ponto final.

11/05/2007

As grandes verdades são tão simples...

Si bô 'screvê' me
'M ta 'screvê be
Si bô 'squecê me
'M ta 'squecê be

Armando Soares(?), Amândio Cabral e Luís Morais(?)

P.S.: Embora não pareça, estou muito melhor!

10/05/2007

Eu tinha avisado!

Na sequência do post anterior, confirma-se e agora é oficial:


09/05/2007

El Principe

Uma das vantagens de ter um blogue, é podermos escrever quase tudo o que nos apetece. Assim, sendo, com os meus pedidos de desculpa aos mais sérios leitores, cá vai:








Recebeu o príncipe a notícia pela sua prima:

A senhora dos seus sonhos concordara em recebê-lo!

Ficou o príncipe de tal forma entusiasmado que largando a correr em passada larga pelos corredores do castelo aos gritos de "Viva Portugal", deu início a um processo que viria a figurar em todas as crónicas do Reino: El Príncipe, louco de alegria e correndo como se de um dragão fugisse, passou em frente dos aposentos do Conde Alberto, seu primo, que numa tentativa de descobrir finalmente o que o impedia de dormir, tinha posto o pote com as noctívagas excrescências do lado de fora da porta. Azar do príncipe que no êxtase das comemorações, no nauseabundo objecto tropeçou, espalhando o conteúdo à sua volta com particular incidência nos reposteiros novos, chegados de Inglaterra à bem menos de 15 dias.

Sem alterar a sua marcha, continua, no entanto, el Príncipe correndo em direcção aos seus aposentos. Estando sem telefone, por via da brutal trovoada que se abatera sobre a cidade, mandou um guarda chamar o pajem. Entretanto rabiscou com a sua pena o seguinte texto:

Creia-me, Senhora, o mais feliz dos homens, desde que fui informado do seu assentimento. Aguardo, com inusitada ânsia, que me dê a conhecer quando a poderei visitar. Entretanto e em sinal do meu agradecimento, peço-lhe que aceite o portador desta missiva para seu uso próprio. Sem mais Seu Príncipe...

Lacrou e entregou a mensagem ao pajem a quem recomendou mil cuidados. Disse-lhe ainda que fizesse tudo o que a donzela lhe ordenasse e que limpasse o seu recanto de todos os seus pertences. Ofereceu-lhe ainda, como prémio, dois bilhetes de avião para terras do Brasil, sem data para que ali se deslocasse quando a senhora o libertasse, com quem achasse por bem. Disse-lhe ainda "Leva o Renault".

Lá foi o moço, cumprir a ordem, evitando a algazarra em frente do quarto do Conde Alberto, onde a Rainha e o médico insistiam que devia o Conde deslocar-se quanto antes às termas pois era agora óbvio por todo o palácio que algo com ele não estava muito bem.

Passou ainda pela cozinha onde diversos criados se preparavam para iniciar a confecção do próximo repasto. "Meninos, ponham menos duas pernas de carneiro que eu não almoço e garanto que D. Alberto vai entrar em dieta"... Logo, Mariana, a criada preferida do azarado e doente senhor, se precipitou para o telemóvel, tentando saber o que se passava. O pajem chegou finalmente ao seu quarto, recolheu seus pertences (ia esquecendo o rolex e os rayban), passou na portaria onde pediu ao mordomo as chaves do Renault e disse-lhe: "Juvênál, eu não devo voltar, mas vais ver que o Guimarães sobe à primeira, não te enerves com isso".

Disto isto, pôs-se a caminho da casa de D. Venância (o amor do príncipe). Chegando bem rápido, pois indo como portador de mensagem real, não parou em nenhum semáforo, bateu violentamente na grande porta da Senhora. Ela veio abrir, voluptuosa como era costume e sorriu. Ele logo lhe disse: "Vês Venância? Eu disse-te que não nos daria ouro, mas algo já usado! Agora como vamos levar o Renault para o Brasil?"

08/05/2007

Alternativas

Dizem que um homem ou uma mulher terá justificado a sua existência quando cumprir a máxima: "Plantar uma árvore, ter um filho, escrever um livro".

Era uma máxima interessante, que alertava para três factores:
- O cuidado com o planeta,
- A aposta na humanidade,
- O interesse pelo não material, numa perspectiva de crescimento intelectual e espiritual.

As pessoas são únicas e com histórias de vida e aptidões diferentes. Apesar disso (ou por isso mesmo) existem alternativas, ainda que se mantenham actuais os mesmos factores. Creio que tudo isto foi pouco seguido, fazendo com que hoje cada um deva ser mais exigente consigo mesmo. No meu caso, já plantei várias árvores, tive 3 filhos e à falta de livro, castigo leitores aqui mesmo neste blogue.

Não chega! Tenho a obrigação de encontrar mais formas de justificar a minha existência.

04/05/2007

I Hope You Dance (really!)

Não tanto pela música, muito mais pela letra, porque é isto mesmo que espero, que dancem...


I Hope You Dance


I hope you never lose your sense of wonder,
You get your fill to eat but always keep that hunger,
May you never take one single breath for granted,
God forbid love ever leave you empty handed,
I hope you still feel small when you stand beside the ocean,
Whenever one door closes I hope one more opens,
Promise me that youll give faith a fighting chance,
And when you get the choice to sit it out or dance.

I hope you dance....i hope you dance.

I hope you never fear those mountains in the distance,
Never settle for the path of least resistance
Livin might mean takin chances but theyre worth takin,
Lovin might be a mistake but its worth makin,
Dont let some hell bent heart leave you bitter,
When you come close to sellin out reconsider,
Give the heavens above more than just a passing glance,
And when you get the choice to sit it out or dance.

I hope you dance....i hope you dance.
I hope you dance....i hope you dance.
(time is a wheel in constant motion always rolling us along,
Tell me who wants to look back on their years and wonder where those years have gone.)

I hope you still feel small when you stand beside the ocean,
Whenever one door closes I hope one more opens,
Promise me that youll give faith a fighting chance,
And when you get the choice to sit it out or dance.

Dance....i hope you dance.
I hope you dance....i hope you dance.
I hope you dance....i hope you dance..
(time is a wheel in constant motion always rolling us along
Tell me who wants to look back on their years and wonder where those years have gone)

Lee Ann Womack






P.S.: Tomei uma decisão - Entre desiludir-me um pouco a mim próprio e desiludir (talvez bastante) aqueles de quem gosto, escolho a primeira. Aguentar-me-ei ...e espero dançar.

02/05/2007

Reinicializando

Telefonaram-me de uma filial:

- (...) se me pudesse ajudar... aquilo ainda agora estava aqui no pc e depois.... desapareceu!

- Já fez "isto"?

- Sim

- E "aquilo"?

- Também e ... nada! E faz-me tanta falta!

Sabendo como o Windows nos presenteia diariamente com problemas que ninguém consegue explicar e que muitas vezes se resolvem reinicializando o computador, sugeri:

- Vamos então desligar e voltar a ligar.

- Ok, então eu desligo e ligo-lhe já a seguir, está bem?

clic----piiiiiiiiiiiiiii

- !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

30/04/2007

Varinha mágica

Deram ao meu filho um pequenino livro de magia. Ele começou a ler e já no fim da noite, perguntou-me:
- Pai, temos uma varinha mágica?
Eu, resolvi brincar e disse:
- Temos, pá... mas está guardada desde que o pai, sem querer, transformou aquela senhora num sapo feio.
Na altura ficámos por ali...Ele pensativo, eu sorridente com a "maldade" dita ao miúdo.
No dia seguinte fomos como de costume, os primeiros a acordar. Um beijo de bom dia e ele calmamente volta à carga:
- Ó pai, diz a sério... temos mesmo uma varinha mágica?
Faz-lhe falta a varinha, para os truques mas, creio que adormeceu e acordou a pensar no que o pai poderia ter feito à senhora.

Nesse mesmo dia, à tarde, à volta de uma grande mesa discutiu-se o "estado da Nação", as últimas peripécias da classe política, falcatruas de gente conhecida e incongruências da lusa sociedade. A Inês, que é a minha filha mais velha, escutou atentamente. Reparei porque não era costume. Habitualmente sairia e não aturava a conversa dos mais velhos. Mas, de regresso a casa e já dentro do carro, disse:
- Não vos percebo! Dizem tão mal de Portugal! Acham que existem muitos sítios melhores para se viver? Não é isso que vejo na televisão. Eu pessoalmente, acho que temos muita sorte de ter nascido aqui!
Foi uma pena que não o tenha dito ainda à mesa com toda a gente presente! A Inês, com um toque de magia em meia dúzia de palavras, mudou Portugal naquele exacto momento.

- Inês, faz-me um favor: Empresta a varinha mágica ao teu irmão.

Coração d'ouro

Dizem que tem o coração d'ouro. Perante as dificuldades, as poeiras da vida, sempre se espera que esta sua característica acabe por resolver problemas. Por este, por aquele e aquela, pelos pais, pelos filhos, pelos amigos.
E assim, como não é d'ouro o seu coração, sofre porque as coisas não estão bem. Mais ainda, quando é parte no problema.
Mas de novo se levantam as vozes que o desafiam a "resolver".
Ele fica cansado. E farto. Não sabe mesmo, em verdade, se é o melhor a fazer. O nosso melhor será sempre o nosso exemplo. E se, procurar saídas e encontrar soluções são bons exemplos, já não lhe parece que o sejam deixar caír os braços, não lutar por aquilo que acredita, não ser firme nos seus princípios. Uma vez, duas vezes, doze vezes...
Se fosse de ouro o seu coração, não lhe doía como doi.

27/04/2007

Dor

Ter um amigo em sofrimento é ter uma dor, que sendo dele, é minha.

24/04/2007

Pontaria

Já por aí circulou num mail que nos mostrava os mais estranhos exemplares. E foi exactamente isso que me levou a pensar que poderia encontrar as fotos na net.
Já faz muito tempo mas a ideia prevalece lá, no mesmo sítio, como muitos conhecerão.

Numa escala em Schiphol, dirijo-me aos quartos de banho. O P. foi comigo. Estava então eu, calmamente a urinar, quando a vi. Estava uma mosca no meu urinol. Bem perto do centro. Acho que é inevitável: Fiz pontaria e vai de metralhar a desgraçada. Acontece que ela permaneceu como se nada fosse, o que era de estranhar, atendendo além do mais à pujança de uma próstata nos vinte e poucos. Foi aí que se fez luz: A mosca estava pintada, gravada na louça. Sem deixar no entanto de fazer mira, inquiri:

- P., também tens uma mosca? - Aí sim, levantei os olhos para meu amigo.

- Tenho, tenho! - diz ele com a voz alterada de caçador atrás da presa, duas mãos na arma e um olho fechado para melhor fazer a mira.


Acho que isto deveria ser usado nas casas de banho públicas em Portugal. É que doutra forma, não é uma mosca que por lá anda, são muitas e bem vivas.







23/04/2007

Ele queria, ele queria

Sócrates queria. Mas o facto de não ser engenheiro impede-o de fazer (e nos dar) as pontes de 23 e 24 de Abril e de 30 de Maio.
Bolas, logo agora, tinham de mexer nisso?!!!

18/04/2007

Sábado

Sugere a Isabel a todos aqueles que tenham filhos, sobrinhos, amigos com a idade compreendida entre os 4 e os 12 anos, uma manhã de sábado diferente.

Esta dupla já fez maravilhas!





16/04/2007

Thinking blogger


António Paiva, disse: "(...) vocês estão nomeados lá na nossa pastagem, vejam do que se trata e façam o que entenderem por bem"

Normalmente, evito toda e qualquer coisa que se assemelhe a "segura aqui e passa". Mas antes de mais, neste caso, seria uma desconsideração por quem de nós se lembrou.


O Companheiro é autor de um blogue que gosto imenso de ler. Tem obra publicada, que também já li. É um homem desassombrado, que ataca os assuntos de frente, foge ao politicamente correcto, para defender aquilo em que acredita. E escreve de sentimentos, tal como nós. Obrigado Companheiro, e tal como avisei e pelos motivos expostos, aqui vai mais uma "nomeação" para o teu Blogue. Obrigado por nos leres, é uma honra!





Agora, depois de reunião entre os dois autores deste blogue, cá vão as nossas nomeações, indicadas por ordem alfabética e tendo em conta, essencialmente, mais do que qualquer estética de escrita (embora também valorizada), aquilo que se defende e como se defende. São, para nós, blogues que acrescentam, porque não se limitam a narrar; ajudam-nos a sermos e a sentirmos melhor.






"A estes compete-lhes: ou ignorar a nossa nomeação ou copiar o logótipo do Award, para os respectivos blogues e fazerem também eles 5 nomeações."

13/04/2007

Hoje é dia de festa.

Hoje é dia de festa. Vesti o meu coração com os sentimentos mais bonitos que herdei e enchi a minha alma de riso e alegria, para celebrar o presente que há setenta anos Deus deu ao mundo: a minha mãe.
Não resisti, também não tenho que resistir, e fui abrir a sua gaveta, daquela mesa agora sem brilho e fui encontrar bocados de si. Um a um fui tocando, sentindo os envelopes macios como a sua pele, mãe, tão brilhante, tão macia de seda pintada por manchas de tempo. Depois, aquela caligrafia de palavras pensadas com toda a ternura e doces, tão doces mãe, como os seus olhos cansados de azeitona brilhante, tão pretos, mas que conseguiam ver o cor de rosa do sorriso dos outros, ir buscar ao fundo de cada um as cores escondidas e fazê-las pintar a vida, numa confiança nas pessoas e toda a fé no mundo.
Depois, abri a caixa dos lenços. Aquela que era dos charutos do pai e que a mãe forrou com um tecido tão fininho de bolinhas brancas. Ainda tem a renda a debruar a caixa; não está perfeita, nem é preciso, foi forrada por si. E aí é que se dá o mistério.
Ao abri-la, com todo o cuidado para não estragar, solta-se um perfume a jasmim, suave e inconfundível que a mãe deixou em mim.
É sempre o mesmo desabrochar e quer seja Abril ou Novembro a mãe será sempre a primavera a nascer no meu coração.
Parabéns, minha querida Mãe.

02/04/2007

De novo, o rio.


- Bom dia, senhor Rio. Com que então a descansar?

- Olá, bom dia…. É verdade; parei aqui para me encantar!

- Engraçado que diga isso, pois a mim parece-me o contrário. Os montes, as colinas, árvores, animais e pessoas estão aqui dispostos como que em bancadas para o admirar a si!

- A mim?!!! Disparate. Sou apenas água, que um dia corre com pressa, outro com mais tempo me deixo deslizar devagarinho. Como pode o que quer que seja, perder tempo a olhar para mim?

- Devolvo-lhe a pergunta, sr rio. Que raio está a ver e diz que o maravilha?

- Então não vê? Toda a natureza, nesta altura em festa, os animais em grupos a comer e conversar, as crianças ali ao fundo, o sol que ali cúmplice com as arvores produz sombras refrescantes e acolá ajuda a realçar as cores da relva e das flores…

- É verdade… mas nada disso seria o mesmo se o senhor não estivesse aí…É para si que convergem todos os olhares.

- Todos menos o meu, que é com o que me rodeia que me espanto todos os dias. Olhe ali, onde aquela árvore me veio abraçar… Consegue imaginar coisa mais terna?

- Por acaso pensei que fosse o senhor a abraçar a árvore.

- Bem, é verdade que também estou… Ninguém abraça o nada.


Com o silêncio exterior do local onde me encontro – e que alguns reconhecerão na foto – e o interior finalmente com tempo para ouvir, a mim e aos outros, “apanhei” esta conversa. Como um abraço encontra existência no outro, também o rio se complementa na paisagem que o rodeia e vice-versa. Também o ser humano precisa do outro para se maravilhar. Também eu, preciso de ti, para ser eu. Faça-se silêncio. Escute-se. Criem-se as condições para nos maravilharmos e por certo, alguém se espantará connosco.


Nota: Nokia e laptop em animada conversa bluetooth. Ligação por essa via à internet. Máquina digital e cartão SD partilhado por esta e pelo computador, fazem com que o post possa ter entrado aqui agora, e a foto tirada às 13:50 de hoje acompanhe o texto. Maravilhas da técnica mesmo em meio rural. Sem que perturbem o silêncio!

27/03/2007

Quaresma

Eu pecador, arrependo-me:
Dos risos que segurei e das lágrimas que não chorei;
Das brincadeiras que não fiz e da ajuda que não quis;
Das desilusões que provoquei e do amor que te não dei;
De não ter feito do longe perto, de não ter sido livro aberto;
De quando em ti algo senti, eu não ter estado logo ali.

Eu agora quero:
Rir a vida, chorar a dor;
Brincar sempre, aceitar o ombro;
Servir sonhos, dar amor;
Trazer a lua para a tua mesa, o meu coração aberto ser certeza;
E que quando de mim precisares, me bastem os teus olhares.

A minha caneta

A minha caneta falhou-me.
Não foi capaz de escrever o que eu queria dizer.
Teorias, jogos de palavras, sorrisos escondidos, amarguras guardadas é o que escrevia, quando o pretendido eram teses com soluções, jogos de amor, gargalhadas felizes, crença pura.
A minha caneta traiu-me; zanguei-me com ela, afastei-me. Mas o que faço então com o que preciso dizer?
Falo e não me entendem,
Actuo e não gero consenso ,
Sonho e não consigo,
Luto e não venço.

Vem cá velha caneta, a culpa não é tua por certo... deixa-me que tente de novo, que caneta nenhuma pode ser responsabilizada pela mão que a segura.
Tentemos de novo sim, certos que não assinaremos o Tratado de mudança do mundo, mas que podemos gerar um sorriso amigo, um acreditar momentâneo, um olhar terno, alguém a sentir-se compreendido.

Não mudaremos a cor da tinta, o tipo de letra. Continuaremos como sabemos, e saberemos continuar
A amar
A acreditar
A viver
A perdoar
A ser crianças
A dar
A receber
A partilhar
A vivermos cumplicidades
A sermos mais felizes.

Obrigado, caneta... eu desacreditei, tu nunca.

26/03/2007

Parrilhada

Estou triste e desiludido; raivoso nunca.

Ouço melhor com o coração.

É evidente que não existe glória na rendição; mais uma razão para ela ser tão dura. Mas quantas vezes ela não é mais do que o assumir do óbvio?

Parece-me correcto o princípio de que se devem conhecer bem os assuntos sobe os quais escrevemos. Mas alguma vez nós conhecemos francamente bem os sentimentos?

Um desiludido, desilude.

Como se luta por princípios evitando os fins e fugindo aos meios?

Ás vezes não tenho paciência nenhuma para mim. Mas, apesar de tudo, vivo melhor com isso do que quando não tenho paciência para os outros!

Aquilo que pensamos sobre determinado assunto deriva da nossa apreensão desse mesmo assunto. Estando a apreensão errada, estará errado o pensamento que dela resultou?

Homens valentes defenderam aquilo em que acreditavam contra tudo e todos. Apesar de o futuro lhes ter dado razão, foram valentes. E sós!

"Estou tão fechado sobre mim mesmo", que só penso nos outros.

25/01/2007

Querer ou crer

Acredito num mundo de sorrisos, de graça, um lugar quente e macio,
de sussurros e tranquilidades,
onde só se ouve uma melodia de tenores, serena e envolvente
e onde os dias são só o nascer e o pôr-do-sol.
Acredito num mundo de concórdia, amor eterno e amizade gratuita.
Acredito em Deus, que vive em mim e me faz continuar a crer,
mesmo que o mundo pareça não querer.

23/12/2006

Uma grande alegria

«Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor»
(Lc 2, 10-11)

A existência histórica de um ser humano com o discurso de Jesus, deveria entusiamar os homens de todos os tempos. Espanta-me, que a despeito da fé de cada um, Este radical não continue a inspirar cada vez mais aderentes a um discurso revolucionário, a que os séculos não conseguiram retirar actualidade nem provar a sua falência. Quanto mais não seja, como filosofia de vida, sobrevive a todas as modas e modelos sociais. E fala de coisas a que uns damos mais importância do que outros, mas que curiosamente recebe o consenso de vermos na sua mesma falta, a grande razão de ser para a preocupação que temos com este mundo em que vivemos. É um discurso de amor que não deveria inspirar tanto sentimento negativo.
Por falar em Jesus, em amor pelos outros, e em rabanadas (ah pois é!):
Bom Natal para todos!

15/12/2006

O Norte

Sou tripeiro. Tenho orgulho na "minha" cidade, que nos últimos anos tem melhorado imenso. Gosto de Lisboa. É linda. Do mais bonito que tenho visto. É tola a guerra da "minha cidade é melhor do que a tua". Aceitem-se as diferenças e principalmente fale-se do que se sabe e conhece. Muitos dos que criticam uma cidade vista da outra, não fazem ideia do que estão a falar.

Agora, existem coisas boas e más de um e outro lado, como é óbvio e subscreveria Mr de La Palice.

Uma má, que sempre me irritou e que parece estar a usar-se cada vez mais, é o uso do termo Norte por alguns (poucos, acredito) lisboetas quando se pretendem referir ao Porto.

A - É uma desconsideração para o resto do Norte, do melhor que existe em Portugal;
B - Demonstra uma fobia ou complexo inexplicavel;
C - Está errado, percebem?

Isto vem a propósito de publicidade salvo erro ao Semanário Económico, que tenho ouvido no rádio: "Ontem a C..E.E. tinha 12 membros; "Hoje a bica custa xxx" (Bica?!!!!); "Hoje, chega-se ao norte em três horas(...)"
Isto exaspera-me! E deixem-me só dizer a esses senhores que deviam mexer-se qualquer coisita mais depressa; eu mesmo que escolha o extremo norte do País, demoro bem menos, ok?
O problema é sempre o mesmo: Onde é que estamos e para onde queremos ir. Para esses poucos, estamos num pequenito país onde só conta a capital e não queremos ir a lado nenhum!

Segue anexo uma representação gráfica do norte para mais fácil entendimento.

13/12/2006

Correio Azul




Este post resulta de uma resposta a um mail recebido, com a devida autorização do seu destinatário.

Companheiro: Obrigado pelo teu mail. Perguntavas-me se estou zangado e desafiavas-me a dizer alguma coisa. Ora, uma vez que me apetece, aqui vai:
Tenho tido muito trabalho e a um ritmo que não me tem permitido a calma necessária para me encontrar com a minha alma e postar o que para lá vai. No entanto, o stressado que sou eu, vai vivendo diversos estados de espírito, que costumo aproveitar para contar no meu espaço. É, como sabes, uma espécie de amigo que temos, pelo que pacientemente nos escuta e pelos sábios conselhos que dele vamos recebendo através dos comentários de quem nos visita. Ora, apesar da aproximação do Natal, que sinto para além das luzes e por isso funciona como bem-vinda esperança, a "coisa" não tem andado muito bem.



Os sábios que iniciaram os blogs no início do fenómeno em Portugal, creio que o fazem pela grande capacidade de escrita que desenvolvem noutros locais e que "aqui" encontrou modo de chegar a mais gente. São intelectuais cultos, que podem escrever sobre o que lhes aprouver. O nome na praça, o treino em crítica dos mais variados géneros, permite-lhes isso. E muito mais. Permite-lhes que escrevam merda atrás de merda e que continuem a ser os melhores da praça. Sempre é merda de intelectual que, como se sabe, é bem diferente da nossa, sendo também outras (e ainda bem) as moscas que por lá pousam.



Feita esta introdução, em que reconheço uma fase menos boa e me distingo dos sábios da pena, fica mais fácil compreender a razão por que de quando em vez me sumo: Escrevo porque gosto, ninguém tem que o ler pois não é publicado nem escrevo nas paredes. Escrevo de coisas comuns, não cito pensamentos de famosos ou de menos famosos só ao alcance dos tais sábios. Falo de sentimentos, do mundo numa visão apaixonada e crente. Tento despertar nos outros as emoções que em mim despontaram quando senti o que escrevi. Aqui e ali brinco. Não tenho por hábito falar de sexo e de outras intimidades que chamem "voyeurs" viciados. Existem também aqueles que querem estar no anonimato para poder livremente expressar o que pensam, sem qualquer tipo de constrangimento. Compreendo-os. Eu exponho-me. Dou-me pelo que acredito. Considero-me livre de amarras. Apenas tento ser fiel a mim mesmo na interpretação directa da minha consciência. E a esta, tento educá-la.



Por tudo o exposto, quando passo por um momento destes, penso que não tenho nada a dizer. Não vou escrever porque a frase fica bonita, porque a junção de palavras é de gosto público. O que gosto de dizer, é que amo o mundo, o ser humano, que creio que estamos a tempo de construir uma sociedade diferente, melhor. Que devemos deixar-nos tocar mais pelos sentimentos e menos pela politicamente correcta adequação aos tempos, adaptando assim a nossa consciência a estes e não o oposto e ideal, de revolucionarmos os tempos pela introdução nestes, de valores intemporais.

Um abraço amigo,
Miguel

P.S. Já depois de escrito o mail achei que poderia "dar post": Anulo assim o desaparecimento e falo do que sinto. Permite-me V. exa que o faça?

12/12/2006

Porque será?

"A Caixa da Avó Maria" esgotou a segunda edição.
Parabéns Leo!

06/12/2006

Boas festas

As empresas privadas, como bastiões das sociedades modernas, são tal como estas, laicas. Acreditam apenas no sucesso. Do negócio, do departamento, de este ou de aquele colaborador, no dinheiro ganho, nos clientes angariados, no valor das acções...
Hoje é dia do jantar de Natal da firma. Ao contrário de outros anos, onde a "coisa" era nacional, este ano por motivos vários é apenas regional. Cada "casa" comemora o Natal na sua área geográfica. Estaremos juntos assim, os da mesma filial em ambiente de festa. Pelo que posso notar desde já nos corredores, o consumo de perfume aumentou, as camisolas e gravatas novas são muitas, e até o mal-disposto me concedeu um sorriso. Tudo isto tem lógica, tudo isto é proveitoso, embora na maior parte dos casos chato como a potassa!
Apenas uma coisa me faz confusão: Porquê jantar de Natal? Porque não de fim-de-ano, de solstício de inverno, de fecho contabilístico, de "sempre se fez assim, porquê mudar", etc?
O Natal tem uma razão de ser. Comemora algo que aqueles que não acreditam, não deveriam em consciência comemorar. Dir-me-ão que não comemoram... que é um aproveitar, um pretexto para esta e muitas outras festas. Então para esses o uso da palavra Natal, é um erro semântico. Na minha opinião, não deveriam utilizar a palavra. Não deveriam querer utilizar a palavra. Por outro lado, acho que qualquer festa é também um pretexto e uma oportunidade para se ser mais feliz, conviver, rir, e quem sabe descobrir o verdadeiro Natal.

Natal
do Lat. natale
adj. 2 gén., respeitante a nascimento;
natalício;
pátrio;
s. m., dia ou época em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo (grafado com inicial maiúscula);
dia do nascimento.

02/12/2006

O Poeta

Invejo o poeta…
Fala de amor, é deste o trovador.
Dá à vida cor, escreve com ardor.
É livre pensador, tem alma de sofredor.

Com espírito voador,
É:

Escritor, narrador, cantor,
Lutador, sonhador, inspirador;
Comunicador com cor, humor e fervor;
Tenor sem temor nem favor.

É por isso que sou seu admirador,
É por isso, sim-senhor!

24/11/2006

Dentro de mim

Ah, o que eu procurei uma ideia! Todo o dia, a semana e o mês a procurei. Quem sabe toda a vida vivida. Apenas a queria encontrar dentro de mim, onde a sabia perdida sem que eu a tivesse perdido. Como lá foi ter, eu não sei...apenas a sabia lá, pronta.

Era em mim que ela estava. Como efeito secundário de uma doença, a dor de cabeça, a agitação tomava conta de mim. Onde estaria que me deixava louco? Como a poderia chamar ou procurar? Eu precisava dela e não era apenas para mim. Era para tudo e para todos.

Era em mim que ela estava... eu, melhor do que ninguém podê-la-ia encontrar. Esta certeza, esta aflição, esta falta de ideias para a descobrir, frustrava dias, entretinha semanas, gastava meses e anos.

É em mim que ela está; o tempo de a encontrar e pôr em prática, urge! Que desespero! Como será mais fácil encontra-la? No silêncio, ou no meio do grupo; na luz da praia em Agosto, ou no negro da noite?

As guerras continuam, as mortes somam, o planeta suja, os médicos receitam drogas legais para que eu aguente.

Eu sei. É preciso uma ideia, para encontrar a ideia de um mundo diferente. Eu sou a humanidade num torpor que não me deixa encontrar o que está em mim!
Cansado, com dias de dúvida, acredito que vou encontrar...Afinal, ela está em mim...

23/11/2006

Não sei se diga, se escreva

Em amena cavaqueira com quem me conhece há pouco tempo, tentei explicar aquilo que não estaria a ser fácil para o meu interlocutor:

- (…) e de uma forma geral, nos restantes casos, posso dizer que brinco 80% das vezes que falo e 20% das vezes que escrevo.

Que diabo! Pois é…ao explicar-lhe cheguei eu próprio a uma conclusão: Sou um tipo muito mais sério a escrever do que a falar! Qualquer dos casos, já me tem trazido amargos de boca, pelo que decidi que a partir de agora e em determinadas situações, em vez de escrever, vou telefonar e noutras, em vez de falar, vou mandar bilhetinhos. Assim, creio que equilibrarei as coisas.

Posto isto, duas notas:

A – Este post, foi escrito ou falado?
B – Muito bem, mas se o eu falador é assim e o eu escrevinhador assado, como é o eu pensante? – Tenho que pensar nisso! Depois digo-lhes... ou escrevo!

21/11/2006

Assumo...

...com orgulho:

Eu sou um Menino do Coro

20/11/2006

Meio par

Já em tempos me questionei sobre o assunto. Para que serve um blogue? Mesmo entre os que vamos alimentando os nossos, a resposta a esta questão não é unânime.
Para mim, é sempre um reflexo do meu estado de espírito, daquilo que me preocupa ou que quero partilhar. Não tem um fim último. Gosto sim, que o verbalizar das sensações, me leve a entender melhor o mundo, quantas vezes com a colaboração daqueles que gentilmente comentam o que aqui é escrito.
Por isso tudo, os posts são por vezes mais “sérios”, outras vezes mais leves, outras ainda levantam questões, enquanto outros tentam humildemente responder-lhes.


Hoje, quero pedir ajuda: Os homens e as senhoras casadas (pelo que tem de convivência com os primeiros), perceber-me-ão:
Como é que as meias desaparecem? Para onde vão? Como é possível um êxodo de tais proporções sem que exista um estudo sério sobre o assunto? Um tipo gasta um dinheirão numa escolha criteriosa do aconchego para os seus presuntos, e quando abre a gaveta, lá está, apenas meio par, triste e inútil!
Bolas… que acontece à meia desaparecida? Ajudem-me a entender, por favor!
Lembrei-me de um filme em que o assunto foi sériamente tratado e fui em busca daquilo que constitui a única tese plausível de que tenho conhecimento e que aqui vos deixo. Agradeço no entanto, qualquer colaboração que ponha fim a este mistério que me atormenta:

“Here's a riddle for you:
There's 200 million people in America.
A hundred million of them are men.
They lose four socks a year, conservatively.
I lose ten myself.
That's 400 million missing socks.
Missing forever. Where are they?
Nobody ever sees them again.
You'd think you'd run into one of them every once in a While. ~

They're in heaven!
You die, go to heaven, and they give you this big box
With all your missing socks and mufflers in it.
And you get to spend eternity sorting it out.“

Jack Nicholson em Heartburn [1986]

16/11/2006

Tás acordado?

São 5h da manhã.
Amigo blog, confidente e testemunha daquilo que vão sendo os meus dias, parabéns!
Não sei se a data é querida, se é dia de festa, ou se te desejo muitas felicidades e anos de vida.
Mas sabes o que sei?
Que aqui e contigo continuará a cantar a minha alma.
Como fixar datas não é o meu forte, lembrei-me disto agora e vim aqui dizer-te. Agora sopra lá a vela, para ver se ainda dormimos um pouco. E quando os senhores e senhoras por aqui passarem hoje, agradece-lhes por te aturarem e diz-lhes onde estão os bicos de pato.

15/11/2006

Diz-me com quem andas...

Hipertexto (EN: Hypertext): termo que designa um documento elaborado de forma a que possa ser lido de modo não linear, através da activação de uma ou de várias ligações nele incorporadas.

HiperMiguel (EN: HyperMichael)!!!: termo que designa um ser que pode ser lido de forma não linear, através da activação de uma ou de várias ligações nele incorporadas.

Eu sou eu nas minhas hiperligações ou links... Clique em mim, irá ter a destinos que melhor lhe permitirão perceber o HiperMiguel. Sem elas, o texto é pobre, confuso, triste e incompleto. Os meus links, explicam-me, dizem quem sou, justificam-me e dão-me razão de ser através dos outros.
Melhor ainda: Sem os outros não existo, daí que os meus links são...eu.

14/11/2006

A felicidade exige valentia


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

Escravaturas


Existem dias destes. Em que me sinto escravo. Todo o tempo útil é do(s) meu(s) senhor(es) e o que de mim resta, são mesmo sobras. Gasto-me no dever ao senhor e não posso acudir a outros campos onde, estou certo, a minha ajuda seria mais útil e eu mais realizado.

Este não é o meu continente.

Sonho com a alforria.

13/11/2006

No hipermercado

Um casal tomou em mãos uma figura (na verdade pouco convencional) do Pai Natal.
Diz ele, com escárnio:
Isso já não é um Pai Natal; isso é uma mistificação!

10/11/2006

Outros outonos

Estão mais velhos,mais cansados...
De formas completamente diferentes, cada um à sua maneira, tem alterado as formas de viver.
Num outono que não conhecerá o renovar das estações, a folha cai, o tronco dobra, mas a raíz é a mesma.
E se o aproximar da estação fria me entristece, alegram-me os dias de verão que com eles vivi, o mundo que me deram a conhecer e a oportunidade de ser feliz.
Devo-lhe isso, devo-lhes tanto mais... Devo-lhes tudo!
Estão mais velhos, cansados... Quantas daquelas rugas não fui eu que desenhei?
Mas eles sabem, que num mundo doente, um filho acredita, porque com eles aprendeu. E assim, aposta na vida exactamente como eles o fizeram: Três vezes! Tudo!

06/11/2006

Pescarias...

Confesso: Fiquei prostrado quando naquela noite lancei as redes do meu coração, que regressaram vazias de peixe.
Na noite seguinte, pessimista pela recente experiência, lanço as redes de novo, mas sem esperança. Não olhei o mar, quedei-me mudo na solidão daquele que se sente triste. Não queria um livro, um rádio, nenhuma distracção. Apenas o pensamento nas grandes pescarias de outros tempos.
Como é longa a noite, por vezes!
Adormeço no semi-agasalho das recordações.
Acordo com suaves sons de uma natureza, revigorante.
A noite escura, transformara-se no mais azul dos dias... morno, brilhante, prometedor. Puxei as redes...Surpresa... Nunca o conseguiria fazer sozinho! As redes cheias, como nunca antes, faziam-me engolir os pensamentos negros, por uma noite de má pesca.
Quis partilhar. A todos chamei para que me viessem ajudar a puxar o peixe. Que viessem com força e munidos de muitos sacos para partilharmos a pescaria. Fui fazer café...
Com uma grande chávena na mão, sentei-me na cadeira de repouso junto à amurada para onde estiquei as pernas...
Voltado para terra, sorri. Tinha agora o coração aquecido. Quentes estavam também o café que bebia a pequenos tragos e as cores dos barcos que se aproximavam do meu, carregados de gente que ajuda, partilha e ri.
P.S.: Ainda nos sobrou peixe a todos. Continuamos a querer distribuir.