24/10/2006

A folha branca


Todos os dias são uma folha em branco. O que dirá ela à hora de deitar?
Escreverei hoje mais uma página neste livro que vai engrossando. Ah a liberdade de poder escrever o que quiser!

Um cabeçalho de outra cor, um título sugestivo. Assim, fica comigo o leitor que entra no meu mundo. As ferramentas à disposição, sublinhados, negritos, ligações a outras folhas, minhas e de outros. Tenho as margens como limite e mesmo essas posso redefini-las. Encosto-me à esquerda, à direita, alinho ao centro? Uso cores nas palavras? Insiro imagens que sejam apelativas? Sou radical e uso parágrafos, ou continuo para a frente, amigo de vírgulas? Sobre que fundo escrevo: Negro como o dia d’hoje, ou claro como a esperança de sempre? E o tema? O que me guia? A política, economia, religião, a ciência ou a filosofia, ou simplesmente a vida que aquelas todas tentam explicar? Eu sou eu…não sei o que dirá a página de hoje, muito menos a de amanhã. Não defino estilos, não guardo modelos. Gostaria que fosse simples, de leitura fácil, que falasse dos outros e de como os sinto. De ti. Dela e dele. Principalmente de nós. Porque é isso que sinto, é isso que escreveria o coração se pudesse.

É assim. Fácil. Como a essência dos afectos e do que para eles nos puxa. São as palavras que nos encantam nos textos, ou aquilo que elas traduzem (umas vezes bem melhor do que outras)?

Simples. Branco. Nós. Vida. Vírgulas de amor, pontos finais de lamentos, interrogações de injustiça, exclamações nas decisões. Simples. Branco.

8 comentários:

izzolda disse...

Também gosto de ver as coisas como uma folha em branco, sempre que possível. O pior é quando só nos saem as palavras erradas e gatafunhos incompreensíveis. valham-nos as próximas folhas que nos esperam :)

Leonor disse...

Lindo, lindo... adorei.

Anónimo disse...

Adorei... as palavras ganham vida própria neste texto.
Beijinhos

xana disse...

izzolda, e as borrachas!

xana disse...

Miguel,
vamos escrevendo a vida nessa página, como se ela nada mais fosse, do que uma bonita história de amor.

Um beijinho para a leonor.
Um abraço forte também para ti.

tiago disse...

o que vale é que, cada vez que escreves, sai uma coisa assim: simples, branca, bonita. que dom! :)

Margarida Atheling disse...

Fantástico, Miguel! :)

Beijinhos

Leonor disse...

LINDO!