25/06/2007

Palavras dos outros

"Sofremos mais hoje que as gerações passadas porque o estímulo da maquinaria, da multidão, da coisa impressa e do barulho desgastou os tecidos protectores dos nossos nervos. Há compensações: esta sensibilidade em carne viva ergue-nos a uma subtileza de percepção e de coordenação nervosa e muscular que somos capazes de fazer coisas absolutamente impossíveis aos homens primitivos e mesmo aos medievais. Ficamos na situação dos músicos, cujos 'ouvidos educados' os fazem sofrer com todos os sons que não sejam harmónicos: esses músicos pagam o crime da sensibilidade excessiva e possuem os defeitos das suas virtudes. Mas pensam lá eles em perder tais dons em troca de se livrarem dos sofrimentos consequentes? Não há homem moderno que queira desistir de uma sensibilidade que, se duplica o sofrimento, também multiplica os prazeres."

Will Durant - 'Filosofia da Vida'

9 comentários:

Alecrim disse...

Não sei, não!
Não sei se temos essa sensibilidade acrescida em virtude dos estímulos dos tempos modernos (esses estímulos tb podem "embrutecer-nos)...

Leonor disse...

Tens algum sensibilómetro que me emprestes? É que o meu anda tão avariado, mas tão avariado...

Miguel disse...

Porque estou de acordo com a Alecrim, convém notar que a obra de onde foi retirado este excerto é da primeira metade do sec XX.
Assim, o autor falou do homem moderno daquela época por oposição aos referidos medievais e primitivos. A cultura, o viver para além do sobreviver deu ao homem a dita sensibilidade. Temo, realmente que um século depois nos aproximemos do medieval e primitivo, à medida que voltamos a ter "protectores nos nervos".Um pouco como aquele gráfico da evolução humana que acaba com o homem arqueado em frente ao computador, bem parecido com os seus antepassados longínquos.
Situado no tempo parece-me ficar mais perceptível o texto. Mas a mim, o que me chamou realmente a atenção foi o final em que se refere à "sensibilidade que, se duplica o sofrimento, também multiplica os prazeres".

Leonor: Na tenho, na....
Mas ouvi dizer que os seres nascidos neste época do ano, andam sempre com ele avariado...

foryou disse...

Por acaso podia dirigir-me a ti ma shoje é para a sensivel e doce Leonor que dedico o meu comentário. Vai lá buscá-lo Leonor, sff.

Os beijos podem ser para os dois

Anónimo disse...

Neste momento, penso que trocaria de boa vontade, os prazeres por um pouco de calma...

Boa semana. :)

deep

Gasolina disse...

Cada vez sinto mais que esta modernidade tem uma factura que nada aprecio: a insensibilidade perante o semelhante é atroz.
Veja-se o que se passa nas grandes cidades: perde-se o nome próorio e o rosto.
...e muito sinceramente tb. não encontro grande apelo nessa relação sofrimento/prazer.

rascunhos disse...

...eu cá até penso que esse excerto poderia ter sido escrito já neste século...

excelente semana

(aí para cima cá do meio :-) )

Margarida Atheling disse...

Já tinha pensado nisso, mas nunca tinha conseguido ver assim com tanta clareza.
São as duas faces da moeda.

Bjs!

Phil disse...

pois, infelizmente, há quem prefira abdicar dessa sensibilidade de forma a diminuir o sofrimento... nem sabem o que perdem com medo de perder...