24/01/2006

A desconfiança

Ainda não consegui definir bem o que sinto e o que aconteceu.
Hoje fui ao Hospital com a minha filha, Graças a Deus nada de grave.
Quando eu ia a chegar, à minha frente ia uma senhora que, devido à urgência da situação e ao estreito espaço disponível, deixou o carro de qualquer maneira e entrou com o filho, num estado muito, muito mau.
Evidentemente. Eu faria o mesmo.
Entrei para a sala de espera e atrás de mim um polícia, a exigir à senhora que deixasse o seu filho sozinho, teria 11 ou 12 anos, e naquele estado lastimável, e que fosse estacionar o carro num sítio apropriado.
Como o senhor polícia não se ofereceu para mudar o carro de lugar, fui falar com a senhora, já que a minha filha não estava assim tão mal.
–“Se confiar, eu posso ir guardar o carro” – disse na melhor da boa fé.
A senhora olhou atarantada, agradeceu, mas recusou.
-“ Não se preocupe que eu não lhe levo o carro. Olhe, até lhe deixo a minha filha aqui ao pé de si” – insisti.
Era a única coisa que eu tinha mais valiosa do que o carro dela.
A senhora recusou novamente, deixou ali o filho, péssimo e a pedir à mãe para não ir, e lá foi ela, cumprir a ordem do polícia.
Coitada, estava mesmo confusa, preocupada, não duvido, mas …
Terei eu um ar assim tão miserável que a senhora entendeu a minha oferta como moeda de troca – a minha filha por um carro?
Acharia ela que eu ia fugir com o seu Mercedes descapotável, lindíssimo, por sinal, e deixar-lhe a minha filha?
Prefiro pensar que não, tenho-me farto de pensar nela. Deve estar numa aflição terrível.
Mas a desconfiança com que olhamos para todos, muitas vezes não nos deixa ser ajudados.
Espero mesmo que o rapaz fique bem…

6 comentários:

maria disse...

A senhora tem desculpa devia estar atordoada, mesmo assim confesso que não sei como foi capaz de deixar o filho para ir estacionar o carro, mas e o polícia? Que raio de polícia? Há coisas que eu definitivamente não entendo...
Espero que a tua filha já esteja bem.
Um beijinho para o pai e para a filha

Margarida Atheling disse...

Realmente, andamos todos, de uma maneira geral, muito inseguros em relação aos outros.
Mas ela devia estar mesmo muito confusa!

Espero que a tua filha também já esteja bem!

Beijinhos!

Anónimo disse...

Lembro-me quando era míuda ter batido com a testa numa eskina de uma parede ( estava a brincar à cabra-cega com o meu irmão no terraço)...a minha mae foi pro hospital descalça e sem carteira!!!foi cm estava, nao pensou em + nada...ainda hoje sorrio ao recordar essa história :) beijinhos

Anónimo disse...

O MEU PAI JÁLHE ACONTECEU O MESMO COM NETO MIGUEL MMEU FILHO. ESTAVA ELE EM RISCO DE PERDER O DEDO DEIXOU MAL OARADO O CARRO MAS NAO APARECEU NENHUMA BOA ALMA SÓ UM POLICIA A CHATEAR . RESPOSTA DO MEU PAI SR. GUARDA QUER ME PRENDR?? ESTEJA Á VONTADE. UANDO CHEGUEI DISSE MÉDICO AO MIGUEL EM FRENTE A MIM O TEU AVÔ ANDOU NA GUERRA. É INCRIVEL QUE A POLICIA ESTEJA ALI PARA ATRAPALHAR E NÃO AJUDAR EM SITUAÇOES CRITICAS. O QUE TINHA HELENA??
BJS

Eduardo Leal disse...

As pessoas já não estão habituadas a gestos desinteressados.
E há momentos em que todos ficamos confusos... um filho no hospital é seguramente um desses.
Melhoras para a filha.

Anónimo disse...

Em alguns paises, a policia foi feita para AJUDAR,ORIENTAR E EDUCAR. No nosso, não por culpa do policia, mas sim pela sua formação é exactamenteao contrário. Um dia, numa situação muito menos melindrosa, um policia queria-me multar por parar o carro em cima do passeio em frente à escola dos meus filhos. As condições não deixavam que fosse de outra maneira. Expliquei-lhe o mais civilizadamente possivel que noutros paises o trabalho dele nesta situação era ajudar e não multar. Não percebeu à primeira. Então menos civilizadamente, expliquei-lhe que me devia multar, mas que eu não pagaria a multa e iria aproveitar a dita para ir à camara, tv, radio, etc para mudarem esta atitude da policia
e ele da proxima estaria ali a ajudar.Nunca mais o vi! Quanto a ti Leonor , bem ajas. Quanto à mãe, ela era loira de mercedes? se sim ....