04/07/2007

O meu túnel

No meio do túnel não há luz. Depois de algum tempo, não sei para onde é a frente, o norte. Sinto-me perdido. Milhares de pequenos e estreitos caminhos trouxeram-me até aqui. Ainda respiro, mas já o faço com dificuldade. A possibilidade de me magoar, quem sabe de forma definitiva, faz-me parar. Sento-me no chão frio e húmido. Não existe um som, um vislumbre de luz, uma aragem. O exterior não existe para além do solo que me toca o corpo. Ao fim de algum tempo sinto uma espécie de desespero, que não de medo, porque este apenas se sente conhecendo os contornos do opositor. Esbracejo tentando tocar em algo, mas nada.
Negro, silêncio, vazio, nada.
Inspiro profundamente e tento acalmar-me. Revejo mentalmente os passos que me trouxeram aqui. Onde apanhei o caminho errado? Onde me deram instruções falsas? Talvez ali, naquele dia ou ainda antes, quando confiante nem hesitei naquele cruzamento da vida.
A verdade é que se fosse agora, teria viajado doutra maneira; olharia cada avenida, rua ou caminho com a intensidade que me permitisse neste momento relembrar tudo de memória. Mas não, não foi assim, deixei-me andar como uma pedra que rola montanha abaixo e à qual o relevo faz desenhar o trajecto sem qualquer interferência sua!
Creio que está aprendida a lição de como viajar. Não apenas pelo que me seria útil agora, como pelo contentamento de não ter sido mera "rolling stone" e de que só me tinha guiado por caminhos escolhidos.
Seria dia agora, ou noite? Tenho frio. Estou só.

Adormeço exausto, no sono irrequieto daquele que não está em paz.

Acordo em sobressalto e gelado. Levanto-me porque me doem as pernas e decido que nada tenho a perder, que vou escolher o meu caminho agora.
Assim faço... Começo lentamente e a medo, aumento o ritmo pois pareceu-me ouvir um som, perceber uma luz... Corro agora... primeiramente como o atleta da maratona, pausadamente, depois cada vez mais depressa.
Corro, corro muito.
Seria uma luz? O coração bate pela expectativa e pelo cansaço de quem não corre assim há muito tempo.
Respiro (seria aquilo respirar?!) descontroladamente. Dói-me tudo, menos a vontade.
É luz o que vejo, é um som conhecido o que ouço! Corro, corro mais, tropeço, caio... levanto-me com dor e continuo a correr.

O túnel tinha fim! Descobri a luz porque ela existe, porque nada é tão escuro como o túnel que nós próprios criamos e porque acreditei que a porta estava em mim.

12 comentários:

Anónimo disse...

.............

os túneis

têm sempre entrada e saída

se assim não fosse eram cavernas

compete-nos a nós e só a nós decidir o que fazer.

(hoje sem assinatura)

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Anónimo disse...

Há túneis assim...
E há portas que se abrem, outras é preciso abri-las :) e outras perdeu-se a chave mas ainda assim valeu a pena percorrer o túnel, ou não?!!!! :)

Vê lá mas é se encontras rápido! Ora bolas com essa idade e ainda te perdes?! :P Porque não deixaste umas pedrinhas para achares de novo o caminho? :)


(pronto, está bem, vou embora antes que corras comigo :P)

Beijo

rascunhos disse...

ok
este vou guardar..

tenho a ligeira sensação de que de vez em quando me será útil reler...

bj

Anónimo disse...

Levadinhos da breca, é o que é - vocês os dois! Conseguiste estafar-me na leitura do texto, mas se valeu a pena! É sempre tempo de recomeçar e/ou procurar caminho. Vale sempre a pena acreditar na luz.

Bjs.

Alecrim disse...

É. Os túneis têm sempre luz ao fundo... Mas é tão difícil pensar na luz quando não se vê nada!...

kurika disse...

Sim. É verdade, nós criamos túneis e labirintos...mas muitas vezes são os outros que nos encurralam nas nossas saídas...

Bonito.

Um beijinho

Vilma disse...

E essa Luz veio a o mundo exactamente porque sabia que sem isso, não sairíamos desse túnel. :)

NaRiZiNHo disse...

Hmmm
Não sei que dizer.
Eu quero acreditar que a porta do meu túnel também está em mim, mas sabes, por vezes torna-se uma tarefa árdua :(.
:-*

Gala Dmitrievna disse...

mudei-me :)

Anónimo disse...

Também acredito que os maiores túneis somos nós que os construímos e que só a nossa força de vontade pode levar-nos a encontrar essa luz que nos oriente... os tropeções e as quedas ajudam-nos a "crescer".

Fica bem. Bjs

deep

Francisco Souto e Castro disse...

O túnel é uma passagem, para a outra margem?...
Grande texto...mais um!

gardynahaddaway disse...

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